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Após mais de seis meses sem festas, como está a situação das tradicionais casas noturnas da região. Estado sinaliza flexibilizar eventos e faz crescer a expectativa do setor e frequentadores. Público reduzido, venda de lanches e sem pista de dança. Essa foi a alternativa encontrada pelas mais tradicionais casas de shows de Lajeado para garantir renda e ensaiar um retorno em meio às restrições impostas pela pandemia. No semestre sem boemia, os estabelecimentos acumularam prejuízos que afetaram também a renda de profissionais que atuam no setor. A sinalização do estado em flexibilizar eventos se torna um alento em meio às dificuldades financeiras. Para outubro, o governo do Estado deverá apresentar novos protocolos. Em live nessa quinta-feira, 24, o governador Eduardo Leite disse estudar a liberação de feiras, shows e bailes, mas sem espaço para dança. Evento-testes são realizados no estado para simular quais serão os protocolos de segurança. O próximo será em Canoas. Como argumento para o retorno, Leite destacou que as atividades culturais realizadas com controle evitariam a proliferação de eventos clandestinos. Um CC sem bailes O domingo de 15 de março atraiu milhares de pessoas ao Country Clube. Ao som do Grupo Manetaço, 1,1 mil pessoas estiveram presentes no baile, sem saberem que seria o último por mais de seis meses. Com a pandemia, todos os shows já agendados precisaram ser suspensos. As festas ocorriam às quartas-feiras se estendendo até 1h. Eram retomadas nos sábados das 22h às 4h30min e no domingo das 14h às 1h30min. De acordo com os proprietários Ivair e Diego Giovanella, o público médio aos fins de semanas superava as 2,2 mil pessoas. Sem renda e com as portas fechadas, a saída dos proprietários foi adaptar um novo ambiente para retomar com música ao vivo e público reduzido, limitado a 50 mesas. A lotação máxima passou a ser de 90 pessoas com agendamento prévio. O novo espaço foi aberto em agosto. O desejo dos proprietários é retomar as atividades em outubro com as primeiras festas. O principal receio de Ivair é quanto ao público do grupo de risco à covid-19. “Nosso temor é que o público mais antigo da casa não retorne mais. Será um período de adaptações”, projeta. Para Ivair, a flexibilização das atividades previstas pelo Estado é necessária para a retomada econômica do setor, um dos mais afetados pela pandemia. “Temos que ter muita cautela. A doença ainda está ai, mas precisamos nos adaptar até porque são mais de seis meses fechados”. COUNTRY CLUB Quando parou? 15 de março Qual o prejuízo estimado? Indeterminado Situação dos funcionários? São 55 profissionais com carteira assinada. Parte dos contratos foi suspensa e a jornada de trabalho reduzida por três meses com o auxílio do governo federal. Não houve demissões. Quando volta? Um novo ambiente foi adequado com público reduzido. Atendimento ocorre de quarta a domingo das 18h às meia-noite. Previsão dos proprietários é de retomar os bailes em outubro, seguindo os protocolos e medidas de segurança Baladas pós-pandemia Sprits segue fechada. Estimativa é abrir apenas com liberação dos eventos culturais “Lá no começo da pandemia, falei que só retornaríamos em 2021. O pessoal achou que eu estava louco”, relembra o proprietário da Sprits, Renato Breunig. Passados seis meses do último evento na danceteria de Lajeado, o empresário percebe que a previsão estava certa. Nesse período suspensa, a Sprits acumulou cerca de R$ 500 mil em prejuízos com custos de manutenção do prédio próprio, gastos com estoque de bebidas perdido e custo com folha salarial mantida mesmo sem atividades. O empresário reforça que a danceteria foi totalmente reformada antes da pandemia, com investimentos na estrutura e tecnologia. “Fizemos apenas duas festas e depois parou tudo”, lamenta. Mesmo favorável ao retorno, o proprietário se questiona como serão os eventos sem aglomeração e com uso de máscaras. O fato do prédio da Sprits ter capacidade de receber 1,5 mil pessoas facilitaria festas com 30% do público, acredita. Breunig está atento aos movimentos de flexibilização das atividades culturais e destaca que o estabelecimento passa por adaptações para a nova fase pós-pandemia. Alento são shows com três artistas nacionais já contratados para novembro. “Os primeiros 30 a 60 dias serão muito movimentados, pois o pessoal não está mais aguentando ficar em casa”, prevê. Ele cita ainda o risco de baladas clandestinas e opina que os eventos em empreendimentos que seguem protocolos se tornam mais seguros. SPRITS Quando parou? 15 de março Qual o prejuízo estimado? Cerca de R$ 500 mil Situação dos funcionários? Aproximadamente 50 profissionais com carteira assinada. Parte dos contratos foi suspensa, mas não ocorreram demissões. Quando volta? Assim que liberar as atividades respeitando os protocolos do estado e com diminuição no público Pausa no rock Volta dos shows no Galera’s Rock Bar é indefinida. Frequentadores fazem vaquinha online para auxiliar nas despesas Vaquinha online, feijoada e ação entre amigos foram realizados para angariar recursos ao Galera’s Rock Bar. Além do coronavírus, um dos principais palcos da música alternativa de Lajeado sofreu prejuízos com a enchente histórica de julho. No dia 20 de março, o Galera’s fechou as portas em função dos decretos de isolamento social. A movimentação na casa já diminuía nos dias anteriores em função do temor da covid-19, relembra o proprietário Tiago José Kuhn, o “TJ”. “Quase não havia mais pessoas nos últimos dias que abrimos em março”, reforça. Para diminuir as perdas financeiras durante a pandemia, TJ realizou três lives musicais com patrocinadores. Também tentou, sem sucesso, a venda de bebidas no sistema tele-entrega e pague e busque. “Não é o perfil do bar esse tipo de atividade. O pessoal vinha para ficar no ambiente e interagir com outras pessoas,” percebe. O proprietário também contou com ajuda na diminuição do aluguel do espaço e de equipamentos. O trabalho de um segurança e pessoa que auxiliavam no bar foi suspenso durante o período. Em setembro, o Galera’s reabriu às portas de quarta-feira a domingo, das 16h às 23h, mas sem a apresentação de bandas. Conforme TJ, o movimento ainda está fraco se comparado ao período antes da pandemia. A casa, que completa 10 anos em 2020, movimentava cerca de duas mil pessoas por mês antes das restrições. GALERA’S ROCK BAR Quando parou? 20 de março Qual o prejuízo estimado? Indefinido Situação dos funcionários? Eram dois profissionais freelances que tiveram o trabalho suspenso durante o período sem atividades Quando volta? Retomou atendimento em setembro, mas sem apresentação de bandas. O retorno dos shows ainda é indefinido. Foto Fábio Kuhn